Capítulo 1
Em abril de 2010 me mudei para uma casa bem antiga, o piso do quintal quase todo é de caquinhos de cerâmica (coisas que os portugueses gostam muito), a casa pertence a portugueses, sou descendente deles também pelo meu lado materno e paterno (famílias: Capela, Nascimento e Almeida). Imediatamente uma borboleta veio me visitar e tirei esta foto! Minha memória imediatamente foi na direção de 1966 aproximadamente...
Borboletas!
Gosto muito, mas muito mesmo delas. Um dia eu ainda era muito pequena, e andava com os sapatos da minha mãe, era coberto de pele de onça, salto alto e dourado, vestia uma saia rodada de rendas e fitas, uma verdadeira princesa no quintal da minha avó materna, vi pela primeira vez um "treco" pendurado numa folha (tinha muitas folhas na casa dela), esse "treco" era preto e marrom e de vez em quando se contorcia. Quase causei o falecimento de uma borboleta nesta ocasião... Minha avó Felicidade (sim, esse era o nome dela!) chegou a tempo e me contou uma história de fadas!
Num reino muito distante... Moravam muitas fadas, que faziam festas alegres, elas tinham asas e eram coloridas! O homem comum, não conseguia ver estas fadas, mas as crianças sim, a estas, as fadas se deixavam ser vistas e traziam segredos para elas, e estes segredos, as crianças passavam para os adultos depois. Era um momento muito especial quando a gente podia ver uma fada destas! Elas se transformavam! Primeiro elas vinham como bichinhos peludos e moles (as lagartas - coloridas), depois que conseguiam subir nas árvores e chegavam nas folhas, a transformação começava, era lenta, mas a gente ia todo dia ver como estava a cama da fada! Daí um dia descobri como uma fada nascia! E entendi o segredo da espera...
Garanto a vocês que escutei muitos segredos destas fadas e até hoje quando vejo uma borboleta, tenho certeza que é uma fada! Eu só não compreendi ainda por que ela precisava se arrastar e ser um bicho mole e cabeludo para subir nas folhas se ela podia vir voando! Esqueci de fazer esta pergunta, fiquei mais preocupada em observar a transformação, eu acho, da mesma maneira que minha mãe ficava horas esperando a formiga rainha sair do buraco com a sua coroa e toda a corte, eu ficava observando as fadas e suas cores!
Capítulo 2
Psiu.... A "tal" Rainha Formiga! Descobri um dia em Teresópolis.
Teresópolis é uma cidade serrana do Rio de Janeiro cravada na Serra dos Órgãos, foi dada de presente a nossa Imperatriz Teresa Cristina, que se encantou com o frescor da terra, reforçando sua memória de seu berço natal, uma cidade linda e bem fria, com muita neblina, riachos e cachoeiras.
Estava eu passeando com a minha máquina de fotografia, inseparável, pois assim posso registrar muitas coisas que vejo e preciso eternizar. Quando de repente ela surgiu! Não podia acreditar! Era a formiga rainha que a minha mãe sempre falou, com coroa, manto e tudo mais... Mas onde estava a corte? A formiga rainha tinha uma corte e desta vez a corte não estava com ela, o que teria acontecido?
Fiquei então imaginando a minha mãe com seus 5 anos de idade, debruçada sobre um formigueiro, esperando a "tal" Rainha Formiga sair. Ela deve ter levado algumas ferroadas com certeza, mas a sua imaginação e a fantasia foram mais resistentes. E eu guardei essa fantasia por anos, desde que ela me contou seu segredo, em alguma gaveta do meu cérebro, ao ponto de registrar a presença da Majestade em meu caminho aos 50 anos de vida e quase cometendo um crime de ceifar uma vida!
Com um certo custo abaixei para olhar bem de pertinho e já preparando a zoom da máquina. Era uma formiga meio ruiva, com apenas 3mm e em suas garras carregava uma pequena flor do bouquet das Alentanas, fucsia (sim, fucsia é uma cor! que o meu genro Fábio, não gosta muito) muito viva, que pensei cá comigo, este deve ser o "Tal" manto da Majestade... Nesse momento pude me deixei levar em toda a fantasia do "Bugs life", deve ser esse processo que a mente de toda a equipe que produz um filme nessa concepção funciona. Sim, pois passei alguns minutos absorta em pensamentos meus e dentro dos pensamentos da minha mãe, todo um processo de fantasia que reveste o movimento da vida, pequeninos ou enormes, mas nos fazem enxergar muitos momentos com outros olhos, recriando realidades e nos ajudando a compreender o mundo.
Capítulo 3
E por falar em corte... Lembrei da minha bisavó Virgínia, ou pelo menos das histórias que contavam sobre ela...
Vou tentar achar uma foto, já volto...
Pronto, achei.
Olha ela aqui! Agarrada com um gatinho!
Essa senhora, nascida no final do séc. XIX, assistiu a virada do milênio e foi ao último baile do Império em 1889, é... Sim minha gente, ela foi sim. Mas vamos começar do começo!
Era uma vez uma menina moreninha que vivia à beira-mar, na Ilha do Governador, lá pelos seus treze anos, um moço bem mais velho, português, pediu a mão dessa menina em casamento para o pai dela que era comerciante também português (acho que quase todo mundo que não era índio, era português no Brasil daquela época... Só que não, né?! Tinha italiano, africano, espanhol, holandês, cafuzo, mameluco, carijó (rs)... Mas vamos voltar ao assunto...) esse moço era colega de andanças e folguedos de D. Pedro II.
Essa menina casou com esse moço, teve um montão de filhos (onze nesse casamento), pois ele morreu, esse moço era mais velho que ela 40 anos. Mas antes de morrer ele levou a esposa, minha bisavó ao último baile do Império na Ilha Fiscal no Rio de Janeiro e o que conta a revista familiar da época, ela estava linda e o castelo da Ilha Fiscal era lindo também.
Sempre que eu ouvia essa história, ficava imaginando como seria o meu vestido se eu também tivesse ido ao baile, a cor, os enfeites, tudo o que uma princesa precisava para bailar, e mais ainda quando eu via o vestido dela, o bordado, aquele brilho deslumbrante... Ah... Quanto sonho por uma noite de baile!
Minha bisavó Virgínia, criou seus filhos numa fazenda da Ilha do Governador, muitos anos mais tarde eu morei no bairro que ficava a casa da fazenda, muitas histórias ainda eu ouvi sobre aquele lugar, ela se casou novamente depois de ficar viúva com o então meu bisavô Antônio e teve mais dois filhos, incluindo nesses a minha avó materna que se chamava Felicidade! Somos mesmo muito felizes! As famílias dos filhos do primeiro casamento quase todos moravam nesse bairro, muitos herdaram terras e construíram suas casas por ali, cresci com muitos primos, muitas histórias e muito carinho.
A Ilha Fiscal é hoje parte do Complexo Cultural do Serviço de Documentação da Marinha, na época era um Castelo. Já pensou você ir a um baile num castelo de verdade? Emocionante para mim.
E tem mais história, estou pesquisando, volto já...
E tem mais história, estou pesquisando, volto já...
Capítulo 4
algumas correções a serem feitas....
ResponderExcluirOnde você acha que devo corrigir Maria Cecília? O que te causa estranhamento?
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